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Povoamento do Leste Europeu (1150-1300)

    Entre os anos de 1150 e 1300 aproximadamente, ocorreram extensas migrações de alemães, que saíram de seus territórios originais para ocupar áreas desocupadas e não cultivadas a Leste do Sacro Império Romano.

    Também por esta época, o domínio alemão começou a estender-se para para a região do Mar Báltico.

    Esta postagem contém dois mapas: um mapa mostrando o resultado deste período de migrações, e outro mapa mostrando como o domínio alemão se estendeu na região dos mares do Norte e Báltico. Ambos os mapas referem-se ao ano de 1400.

    Sumário

    Migrações para o Leste

    Mapa de 895

    Apenas para fins de comparação, abaixo é novamente mostrado um mapa que já foi explicado na postagem sobre o Reino dos Francos. Este mapa mostra a distribuição de povos na Europa Central em 895.

    É possível observar que a fronteira entre os povos germânicos e seus vizinhos eslavos era, em grande parte, formada pelos rios Elba, Saale e Danúbio.

    Tradução da legenda do mapa:

             – Germanos
             – Romanos (povos romanizados: Celtas, Italianos, Espanhóis, Romênios e Raeti)
             – Celtas
             – Eslavos, Letões
             – Búlgaros (eslavizados)
             – Magiares
             – Finlandeses (cor do sublinhado)
    – – – – Antiga estrada do comércio entre Constantinopla e a Suécia

    As localidades de fronteira destinadas ao comércio com os eslavos por Carlos Magno estão sublinhadas

    Mapa de 1400

    Ao o final do Império dos Francos (vide postagem), a área Ocidental da Europa, na qual viviam povos germânicos e romanos, havia sido em grande parte cristianizada. Mais tarde, o mesmo processo foi gradualmente ocorrendo com os povos eslavos e bálticos que viviam na parte Oriental da Europa. Grandes áreas, como as regiões da Polônia e da Romênia foram tornando-se cristãs.

    Nestas regiões, existiam áreas pouco habitadas e não cultivadas. Havia interesse por parte dos nobres mandatários destas regiões em torná-las produtivas. Ou seja, havia uma demanda por imigrantes.

    Por outro lado, no Sacro Império Romano, entre os séculos 11 e 13, a população havia aumentado, passando de algo como quatro milhões para doze milhões. Mesmo com a derrubada de florestas e com migrações internas, não havia terra arável suficiente para esta população. Somado a isso, havia muitos filhos de nobres que haviam herdado pouca ou nenhuma terra e estavam dispostos a migrar para outras regiões.

    Estas condições fizeram com que muitos alemães migrassem de forma voluntária para regiões que lhes oferecessem melhores condições vida. Este processo de migração durou de 1150 até 1300 aproximadamente.

    O mapa abaixo mostra a distribuição de povos na Europa Central ao redor de 1400.

    Tradução da legenda do mapa:

             – Germanos
             – Eslavos
             – Letões

    Kloster = convento
    Bistum = bispado
    Erzbistum = arcebispado

    As cores mostram de forma geral o estado ao redor de 1400. O listrado indica de forma aproximada a mistura entre os povos.

             – Fronteira entre os alemães e os eslavos na época de Carlos Magno

    Apenas os conventos e as cidades mais importantes estão mostradas. Os números junto aos nomes indicam o ano da fundação.

    Cidades que eram majoritariamente não-alemãs, mas que tinham comunidades alemãs, estão representadas entre parênteses.
    Nome de cidade sublinhado com linha contínua indica adesão à Lei de Magdeburgo (Magdeburger Recht).
    Nome de cidade sublinhado com linha tracejada indica adesão à Lei de Lübeck.

    C. – Ordem de Cister
    Pr. – Ordem Premonstratense
    D.O. – Ordem Teutônica

    O autor do mapa acima separou as etnias em três: germânicos (Deutsche, tom terroso claro), eslavos (Slaven, azul claro) e bálticos (Letten, tom terroso escuro). As áreas em que conviviam várias etnias estão marcadas com faixas, sendo as faixas mais espessas correspondentes à etnia predominante.

    Em geral, observa-se que, ao contrário do mapa de 895, já aparecem alemães na margem direita do Rio Elba. Igualmente, na costa do Báltico, na região onde hoje fica Mecklenburg, e na Pomerânia há um percentual elevado de alemães.

    Além destas, marquei no mapa algumas áreas que ainda não haviam aparecido nos mapas precedentes e que são de interesse:

    Neumark (Marca nova)
    Esta região ficava dentro do território dos reis da Polônia. Foi sendo gradativamente colonizada por imigrantes alemães.

    Lausitz (Lusácia)
    A Lusácia era uma pequena ilha de Eslavos, cercada por povos germânicos. Mesmo tendo sido mais tarde incorporada ao Reino da Alemanha, a região manteve algumas características dos povos eslavos. Até hoje, há uma parcela da população que falam uma língua Sorábia (Sorbische Sprache), típica desta região.

    Schlesien (Silésia)
    Assim como a Neumark, também na Silésia, sucessivos reis da Polônia introduziram imigrantes alemães.

    Siebenbürger Sachsen (Saxões da Transilvânia)
    Na Romênia, bem a Sudeste do Mapa, fica a região da Transilvânia (Siebenbürgen). Nesta região, a convite da Rainha da Hungria, em cujos domínios se encontrava a região naquela época, igualmente se estabeleceram colonos alemães. É interessante observar que, por razões não bem conhecidas, estes imigrantes receberam a denominação de “Saxões”, apesar de a maioria deles ter vindo de outras regiões da Alemanha, predominantemente do Reno e do Mosel.

    As demais regiões marcadas no mapa (Preußen, Kurland, Livland, Estland) são explicadas na seção que segue.

    O domínio alemão no Báltico

    Paralelamente com a migração de alemães para os domínios de outros monarcas, houve uma expansão do poder alemão, principalmente na costa do Mar Báltico. Esta expansão se deu de duas formas: através da Ordem Teutônica (Deutscher Orden) e através da Liga Hanseática (Deutsche Hanse).

    Tradução da legenda do mapa:

    (nome sublinhado em vermelho contínuo) = cidade da Liga Hanseática – em algumas cidades dos Países Baixos a adesão variava ao longo do tempo)
    (símbolo da cidade circulado em vermelho) = cidade com representações no exterior
    (nome sublinhado em vermelho tracejado) = cidade na qual havia filial ou na qual a Liga Hanseática detinha privilégios comerciais

    Território da Ordem Teutônica:
             – 1309
             – aquisições até 1410

    Ordem Teutônica

    A Ordem Teutônica, ou Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém (Deutscher Orden), foi uma ordem militar ligada à Igreja Católica. Depois de participar de algumas Cruzadas no Oriente Médio, esta ordem foi convocada pelo Papa para cristianizar os Prussianos (Prußen), um povo pagão que havia resistido a várias tentativas prévias de submissão por seus vizinhos poloneses.

    Ao redor de 1230, a Ordem conseguiu derrotar os Prussianos e estabelecer o Estado da Ordem Teutônica (Deutschordensstaat), que foi o embrião da Prússia, de grande importância na história posterior da Alemanha.

    Marienburg – Antigo castelo da Ordem Germânica (©2004 Thomas Stegh)

    Com o tempo, a região foi sendo colonizada por imigrantes vindos da Alemanha, que deram sustentação ao Estado e tornaram a cultura alemã preponderante.

    O Estado da Ordem Teutônica deixou de existir em 1525, quando um nobre da Casa de Hohenzollern converteu a região para o Protestantismo e lá estabeleceu o Ducado da Prússia (Herzogtum Preußen) – vide postagem sobre o Século 16.

    Liga Hanseática

    A Liga Hanseática (Deutsche Hanse) foi uma associação de cidades mercantes constituída para estabelecer um monopólio de comércio na região Norte da Europa. Da associação faziam parte cidades mercantes com acesso aos mares do Norte e Báltico. No mapa acima, as cidades da Liga Hanseática têm seu nome sublinhado em vermelho (tracejado indica que a cidade tinha um escritório da Liga).

    Um dos principais objetivos da Liga era possibilitar o comércio entre regiões como o Norte da Rússia, ricas em matérias primas (madeiras, peles, cereais, …) com as regiões mais a Oeste que vendiam produtos prontos (tecidos, vinhos, …).

    A Liga existiu entre os séculos 12 e 17. Até hoje, muitas cidades da Liga mantêm o prefixo Hanse no seu nome (Hansestadt Bremen, Hansestadt Hamburg, …).

    Fontes

    Veja a Bibliografia Geral.

    Fontes específicas desta postagem