Esta postagem trata da divisão política do Sacro Império Romano ao final do Século 15. Ela inclui um mapa do final deste século e uma discussão sobre a forma pela qual o poder era dividido entre os governantes do Sacro Império Romano.
Sumário
- Mapa do Século 15
- Fracionamento do território e do poder
- Príncipes-eleitores
- Casas Habsburgo e Hohenzollern
- Fontes
Mapa do Século 15
O mapa abaixo mostra a divisão política do Sacro Império Romano. Pela legenda, conclui-se que o mapa deve refletir a situação do Império no Século 15.
Tradução da legenda do mapa:
– Territórios dos Borgonha
– Territórios dos Habsburgo
– Territórios Bávaros
– Territórios dos Hohenzollern
– Áreas de cidades imperiais
– Áreas do clero– – – – Fronteiras do Sacro Império Romano
Abreviaturas (tipo de estado):
A – Abtei, Abadia; BM – Bistum, Bispado; FSM – Fürstentum, Principiado; GFT – Grafschaft, Condado; H – Herrschaft, Propriedade de um Senhor Feudal; HZM – Herzogtum, Ducado; KGR – Königreich, Reino; LGFT – Landgrafschaft, Landegraviato; MGFT – Markgrafschaft, Marca, propriedade de um Marquês
Fracionamento do território e do poder
Conforme já mencionado na postagem sobre as dinastias Otoniana e Saliana, uma característica do Sacro Império Romano era a de ter um Imperador relativamente fraco, se comparado ao poder dos senhores feudais dos territórios que compunham o Império. Não era o Imperador quem definia a organização do Império. Durante grande parte da existência do Império, os senhores feudais tinham autonomia para dividir seus territórios entre seus herdeiros, para adquirir outros territórios ou parte deles através de casamentos e heranças, bem como para fazer guerra com vizinhos e com isso conquistar ou perder territórios. O resultado era um Império em permanente mudança e com tendência a se fracionar territorialmente.
O Império era dividido em estados imperiais (Imperial Estates). O governante de cada estado imperial respondia tão somente ao Imperador e tinha grande autonomia na administração. Em Alemão, o governante de um estado imperial era chamado de Reichsstand.
Enquanto que no mapa do Império do ano de 1100 ainda é possível identificar um número relativamente pequeno de estados imperiais, no mapa desta postagem a situação é diversa. O Império está fragmentado em um grande número de estados.
Esta tendência à fragmentação do território do Império é chamada em Alemão de Territorialisierung ou, algo pejorativamente, de Kleinstaaterei. Para ter uma ideia do nível de fragmentação, em várias épocas, o Império chegou a ser constituído por mais de 300 estados imperiais.
Os estados imperiais dividiam-se em três grandes classes: estados governados por nobres, estados governados pelo clero e cidades livres e imperiais.
- Estados governados por nobres
De acordo com o nível de nobreza do senhor feudal, o estado era:- um Reino, como o da Boêmia (Königreich Böhmen)
- um Principiado (Fürstentum, abreviatura no mapa Fsm.)
- um Ducado (Herzogtum, abreviatura no mapa Hzm.)
- um Condado (Grafshaft, abreviatura no mapa Gft.)
- uma Marca ou Marquesado (Markgrafschaft, abreviatura no mapa Margft.).
- Estados governados pelo clero
Ao redor de um sexto do Império era composto de territórios eclesiásticos (Geistliches Territorium), ou seja, de territórios nos quais o clero acumulava a autoridade religiosa com o poder de senhor feudal. - Cidades livres e imperiais
Para completar, havia um grande número de cidades livres (Freie Städte) ou imperiais (Reichsstädte) que independiam dos senhores feudais vizinhos e respondiam diretamente ao Imperador.
Príncipes-Eleitores
O Imperador do Sacro Império Romano era escolhido por um pequeno grupo de senhores feudais, os mais poderosos do Reino. Este grupo variou ao longo do tempo, mas, em 1356, o Imperador emitiu um decreto, chamada de Bula Dourada (Goldene Bulle), que, entre outras coisas, definiu quem eram os eleitores do Imperador, os chamados de príncipes-eleitores (Kurfürsten). A composição deste colégio eleitoral era com segue.
Príncipes-bispo
Três Arcebispos faziam parte do colégio eleitoral e por isso eram chamados de Príncipes-bispo (Fürstbischof). Eram eles:
- o Arcebispo de Mainz (Erzbischof von Mainz)
Estado: Kurfürstentum Mainz ou Kurmainz (Eleitorado de Mainz). - o Arcebispo de Colônia (Erzbischof von Köln)
Estado: Kurfürstentum Köln ou Kurköln (Eleitorado de Colônia). - o Arcebispo de Trier (Erzbischof von Trier)
Estado: Kurfürstentum Trier ou Kurtrier (Eleitorado de Trier).
No mapa, estes três arcebispados estão marcados com pequenas bandeiras de cor violeta.
Príncipes seculares
Os demais eleitores não faziam parte do clero. Eram eles:
- o Rei da Boêmia (König von Böhmen)
- o Conde palatino do Reno (Pfalzgraf bei Rhein)
Estado: Kurpfalz ou Kurfürstentum Pfalz (Eleitorado do Palatinado).
Observe que este estado era composto de duas áreas separadas por alguns condados. - o Príncipe Eleitor da Saxônia (Kurfürst von Sachsen)
Observe que este Ducado fica em região diversa daquela em que ficava o Ducado Tribal da Saxônia que existia no início do Império e que aparece no mapa do ano 1100. - o Príncipe Eleitor de Brandemburgo (Kurfürst von Brandenburg)
No mapa, estes territórios aparecem marcados com pequenas bandeiras em cor vermelha.
Casas Habsburgo e Hohenzollern
Durante toda história do Sacro Império Romano, várias dinastias importantes governaram partes do Império. Entre elas, duas se distinguem por sua longevidade e importância: a Casa de Habsburgo (Haus Habsburg) e a Casa de Hohenzollern (Haus Hohenzollern).
Habsburgo
A Casa de Habsburgo (Haus Habsburg) forneceu monarcas para o Sacro Império Romano, desde 1438 até sua extinção em 1806.
Os Habsburgo eram extremamente hábeis em manter e, através de casamentos, guerras ou heranças, aumentar suas posses. Além do Sacro Império Romano, em diferentes épocas eles forneceram monarcas para uma variedade de regiões na Europa, entre outras, Áustria, Espanha, Portugal, Borgonha, Países Baixos, Hungria, Boêmia, Norte da Itália, e até México.
Até no Brasil, tivemos uma representante desta casa imperial, a Imperatriz Maria Leopoldina, esposa de Dom Pedro I.
No mapa, as terras dos Habsburgo estão marcadas em cor rosa e incluem a região da Áustria e do Tirol.
Hohenzollern
Os Hohenzollern são originários da Suábia, onde até hoje existe o imponente Castelo de Hohenzollern. A partir de 1415, a família assumiu o Eleitorado de Brandemburgo (Fürstentum Brandenburg) e dali começou a se expandir. Por muito tempo os Hohenzollern foram Reis da Prússia, e, no Século 19, passaram a fornecer os Imperadores da Alemanha.
No mapa, as posses dos Hohenzollern no Século 15 estão marcadas em azul claro e incluem o Principiado de Brandemburgo (Kurf. Brandenburg)
Fontes
Fontes gerais
Veja a Bibliografia Geral.
Fontes específicas
Título Nobiliárquico (Adelstitel)
Casa de Habsburgo (Haus Habsburg)
Casa de Hohenzollern (Haus Hohenzollern)