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Confederação Germânica, Áustria e Prússia (1815-1866)

    O ano de 1815 é um marco no desenvolvimento geopolítico da Europa Central. A partir desta data, até ao redor de 1866, houve um largo período de mais de 50 anos de relativa estabilidade nas fronteiras dos vários estados que compunham a região.

    Para aquele que pesquisa famílias de origem germânica no Brasil, este período é particularmente importante, pois foi neste período que houve a maior onda de imigração de alemães para o Brasil.

    Entre 1792 e 1815, haviam acontecido a Revolução Francesa e as consequentes Guerras Napoleônicas (vide mapas na respectiva postagem). Este foi um período turbulento, no qual o mapa da Europa Central foi redesenhado várias vezes, como mostrado na referida postagem. Um dos resultados desses conflitos foi a extinção, em 1806, do Sacro Império Romano, a entidade que, por muitos séculos, mesmo que fracamente, havia reunido os estados germânicos sob um único monarca.

    Em 1814, derrotada a França napoleônica, as principais potências européias, reuniram-se durante vários meses no Congresso de Viena (Wiener Kongress) e produziram um tratado de paz.

    O Império Austríaco (Kaiserreich Österreich) e o Reino da Prússia (Königreich Preußen) continuaram existindo e eram os maiores e mais poderosos estados de fala alemã. Na área do antigo Sacro Império Romano, foi criada a Confederação Germânica (Deutscher Bund).

    Esta postagem mostra mapas da Confederação Germânica, do Império Austríaco e do Reino da Prússia, e explica a relação entre eles.

    Sumário

    Confederação Germânica

    Tradução da legenda do mapa:

            Império Austríaco (Kaiserreich Österreich)
            Reino da Prússia (Königreich Preußen)
    Os territórios que faziam parte da Confederação Germânica têm toda sua superfície colorida. As partes que ficavam fora da Confederação têm apenas as fronteiras coloridas.

    A Confederação Germânica não era um estado propriamente dito, mas uma federação de estados isolados, na realidade uma associação entre seus monarcas. Seu objetivo primário era o de manter a paz e garantir a defesa dos estados participantes.

    Os dois maiores e mais poderosos estados da Confederação eram o Império Austríaco e o Reino da Prússia, que disputavam o poder entre si. O Império Austríaco continuava nas mãos de monarcas da Casa de Habsburgo, dinastia da qual, desde o Século 13, normalmente saíam os imperadores do Sacro Império Romano. Entretanto, estes haviam perdido a hegemonia sobre os demais estados.

    Apenas algumas partes do Império Austríaco e do Reino da Prússia estavam situadas dentro da Confederação. Em grandes linhas, eram aquelas partes que anteriormente haviam feito parte do extinto Sacro Império Romano. No mapa acima, as partes da Prússia e da Áustria que ficavam fora da Confederação são identificadas por ter apenas suas fronteiras coloridas, ficando o território representado em branco.

    Além da Prússia e da Áustria, a Confederação Germânica era composta por alguns reinos de tamanho médio, como a Baviera (Bayern), a Saxônia (Sachsen), Hannover e Württemberg. A estes se somavam vários principados, ducados e condados, bem como as cidades livres de BremenFrankfurtHamburg, e Lübeck.

    Não havia mais estados do clero, como os que existiam no Sacro Império Romano (vide postagem).

    A Polônia, que havia sido particionada entre seus vizinhos no Século 18 (vide postagem sobre as Partições da Polônia), continuava não existindo. No mapa, onde ficava a Polônia, há uma região denominada Königreich Kongresspolen (Polônia do Congresso). Entretanto, este reino tinha como monarca o Czar da Rússia. Apesar de formalmente ser independente, de fato era dominado pelo Império da Rússia.

    Havia diferenças muito grandes de tamanho e população entre as unidades da federação: Enquanto que a Áustria tinha uma área de 698.700 km² e uma população de 21,2 milhões de habitantes, o pequeno principado de Schaumburg-Lippe tinha apenas 340 km² (2.000 vezes menor!) e ao redor de 26.000 habitantes.

    O número de unidades que compunham a Confederação Germânica era de aproximadamente 40, tendo variado ao longo de sua existência. Este número era grande, mas menor que o de estados que compunham o extinto Sacro Império Romano. Mesmo assim, este grande número de estados e de fronteiras prejudicava o comércio entre as unidades da Confederação. Para incentivar o comércio, em 1834, sob a liderança da Prússia, foi criada uma Aliança Aduaneira (Deutscher Zollverein), que reunia praticamente todos estados da Confederação, com exceção da Áustria, que ficou de fora devido a seus conflitos com a Prússia.

    O Império Austríaco

    Império Austríaco (Kaiserreich Österreich), que existiu entre 1804 e 1867, era um dos maiores estados da Europa, atrás apenas da Rússia. O mapa a seguir mostra o Império Austríaco em 1855.

    O Império Austríaco, além de ser a maior unidade da Confederação Germânica, era um estado multi-étnico, em que muitas línguas eram faladas, além do Alemão. Havia grandes áreas do Império Austríaco que ficavam fora do território da Confederação, como a Galícia  (Galizien), o Reino da Hungria (Ungarn), e o Reino da Croácia-Eslavônia (Kgr. Kroatien).

    O Reino da Prússia

    A outra grande unidade da Federação era o Reino da Prússia (Königreich Preußen), que disputava o poder com o Império Austríaco.

    Também no Reino da Prússia havia partes (Prússia Ocidental (Westpreußen), Prússia Oriental (Ostpreußen), e Posen) que estavam situadas fora da das fronteiras da Confederação Germânica.

    O mapa abaixo mostra o Reino da Prússia no Século 19. O crescimento do mesmo ao longo do Século, desde 1806, é representado através de cores, conforme explicado na legenda do mapa.

    Tradução da legenda do mapa:

             – Prússia (1807-1813)
             – Territórios recuperados em 1815
             – Novas aquisições em 1815
             – Aquisições até 1861
             – Aquisições de Guilherme I (Wilhelm I) – 1861-1888
             – Aquisições de Guilherme II (Wilhelm II)

    – – –  – (colorido apenas na fronteira) – Territórios não recuperados

    Os números anotados nos territórios indicam o período da aquisição da posse. Números entre parênteses dão o ano da perda da posse.

    Em sua maioria, a Prússia era habitada por alemães. Entretanto, havia um alto percentual de poloneses habitando as regiões adquiridas através da partilhas da Polônia (vide postagem): Província da Silésia (Provinz Schlesien), Grão-Ducado da Posnânia (Großherzogtum Posen) e Província da Prússia Ocidental (Provinz Wetpreußen). Além das regiões adquiridas da Polônia, havia ainda povos eslavos vivendo já desde os séculos anteriores na metade Sul da Prússia Oriental (Provinz Ostpreußen),

    Fontes

    Veja a Bibliografia Geral.

    Fontes específicas desta postagem

    Confederação Germânica (Deutscher Bund)
    História da Áustria (Geschichte Österreichs)
    Império Austríaco (Kaiserreich Österreich)
    Prússia (Preussen)
    Christopher Clark, Iron Kingdom, 1600-1947 – The Rise and Downfall of Prussia, 1600-1947, (Kindle Edition), Penguin; 1ª edição (6 setembro 2007)